Liderança: acompanhando juniores a crescerem na carreira de design

Caroline Zambon
4 min readApr 30, 2021

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Há uma semana me pediram para escrever um texto sobre “como ajudar pessoas juniores a crescerem na área de design”. Achei excelente ideia (obrigada, Tati!) e resolvi escrever um pouquinho sobre minhas vivências em mentorias e liderança com novatos no mercado de design. Vou começar falando sobre a etapa mais difícil para qualquer um que está iniciando a carreira: a entrevista.

A entrevista

Obviamente, não existe como medir o trabalho de uma pessoa que está tentando entrar no mercado de trabalho e praticamente não tem experiência em design. O nervosismo e a insegurança durante o bate-papo inicial vem, principalmente, pela falta desses dois itens anteriores.

Para recrutar designers que estavam começando, eu cheguei a ir a uma faculdade e ficar na biblioteca fazendo entrevistas com estudantes que estavam nos últimos anos de faculdade. Por conta dessa insegurança inicial, nas primeiras vagas eu escrevia abaixo da chamada principal “Desejável saber ferramenta XPTO (se você não souber nós ensinamos!)”. Inclusive, um feedback de diretor de design de uma faculdade de Vila Velha foi “eu adorei você ter dito que não precisa de ter experiência e que você ensina. Não temos como ensinar tudo o que exigem e a vaga para júnior é para aprender mesmo”. Ou seja, não temos como exigir de quem quer começar a trabalhar, temo que guiar e oferecer ferramentas para estes estudantes evoluírem. :)

O que sempre via na entrevista era a apresentação do currículo, o design mesmo além de conteúdos como os livros, participação de feiras e etc. Muitos traziam trabalhos de faculdade para apresentar e eu adorava. Eles explicavam o processo de construção da proposta até o resultado final e estava tudo bem. Alguns candidatos também traziam livros já lidos (sempre bons livros!) e, assim eu conseguia saber mais sobre a proatividade em aprender por contra própria e conhecimentos específicos que estava adquirindo, ainda que ainda não tivesse colocado em prática.

As mentorias feitas com juniores eram para analisar o portfolio. Elas aconteciam (e acontecem!) no formato de bate-papo. Começávamos conversando um pouquinho sobre a pessoa para quebrar o gelo, o que gostava de estudar, matérias que mais curtia na faculdade (quando ainda estudava) e etc. Eles apresentavam os trabalhos feitos, como foram os processos de análise dos problemas e criação das soluções, além de mostrarem como estava a apresentação do portifólio. Recebiam o feedback sobre o que poderiam evoluir e o que estava bom, mas o mais importante era dizer a eles que estavam no caminho certo, sempre pedindo ajuda, ouvindo e aprendendo. Essas são as qualidades que espero muito que nunca sejam perdidas, pois é o necessário para crescerem.

A contratação e o desenvolvimento

Acredito que a pior parte seja a entrevista, depois de contratado é sucesso! Logo na primeira semana que chegavam para trabalhar eu enviava para os novatos uma apresentação para estudar mais sobre usabilidade. Nessa apresentação tinham conceitos básicos, vídeos rápidos e diversos exemplos de design com prints tirados de produtos que utilizamos no dia a dia, nada fora da realidade. Essa apresentação tinha o objetivo de compartilhar conhecimento e ter um ponto de partida para conversas futuras dentro do time.

Quando precisava realizar um teste de usabilidade, por exemplo, eu realizava 2 a 3 testes e deixava o novo funcionário olhando. Os testes seguintes eu pedia para que ele realizasse e eu ficava apenas como moderadora (conversando com o usuário teste). Era super produtivo e era exatamente a prática que os ajudava no crescimento diário.

Além disso, eu sempre emprestava alguns livros (vou deixar um print de alguns aqui embaixo), compartilhava ao longo dos meses vários vídeos sobre usabilidade, arquitetura de informação e design e, claro, compartilhava conhecimento sobre as ferramentas que utilizavamos. Dava insumo suficiente para aprenderem e a conversarem com outras pessoas da equipe sobre estes conteúdos.

Já pensando em absorver conhecimento a médio/longo prazo, os livros eram ótimas fontes de referências! Eu sou super apegada a todos eles! Pensando em estudo a curto prazo, indicava muito os vídeos curtinhos do canal do Nielsen Norman Group e outros canais ou artigos de pessoas referências em arquitetura de informação e usabilidade. Existem outros canais e blogs mas este é o que mais curto, eles têm legenda em português. :)

Este resumindo acima sobre ajudar designers que estão iniciando no mercado é apenas o começo. Durante uma sprint ou outra, sempre acompanhava os processos de criação para "dar um norte" sobre como estava o trabalho. Compartilhar conhecimento com as pessoas do mesmo time ou em mentorias não pode ser apenas um momento pontual, precisa ser recorrente, rico em feedbacks positivos para evoluirmos o processo de criação. Durante essas conversas aprendo tanto quanto ensino e me sinto realizada em ver o crescimento de cada um. ❤

Dois conselhos para finalizar

Para os juniores: não tenham pressa. Você também tem muito a ensinar aos mais “velhos” na área, principalmente ensiná-los sobre como se adaptar às novidades e a escutar mais;

Para os mais “velhos” de casa: dê oportunidades e feedbacks construtivos. É tudo o que as pessoas, independente do cargo, precisam para evoluírem. ;)

Até mais,

Carol Zambon!

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